Em defesa do Policiamento Ciclístico
Tradicionalmente, as polícias ostensivas brasileiras não possuem
unidade ciclística formalmente estabelecida – uma companhia ou batalhão
ciclístico, por exemplo. Diferentemente do policiamento montado, que
possui unidades especializadas em provavelmente todas as polícias
militares brasileiras, o policiamento ciclístico não guarda qualquer
relação com a estrutura operacional do Exército Brasileiro, instituição
da qual as PMs são forças auxiliares e ainda possuem muitas semelhanças
estruturais (a designação “P1″, “P2″, “P3″ etc é uma adaptação do “S1″,
“S2″ e “S3″ do Exército, por exemplo). Nos dias de hoje, entretanto,
passou do tempo das polícias brasileiras atentarem para a criação de
unidades de policiamento ciclístico, com estrutura organizacional,
pessoal especializado e doutrina própria.
Antes de falar de algumas vantagens do policiamento ciclístico, é bom
frisar que nenhum vetor de policiamento se basta. A viatura “quatro
rodas” possui sérias desvantagens em relação às motocicletas, por
exemplo, que já não alcançam as características de uma aeronave, ao
tempo que essa não consegue potencializar certos elementos conseguidos
com o policiamento a pé. Desse modo, o que aqui discutimos é sobre um
potencial muito pouco aproveitado pelas polícias brasileiras, que
geralmente privilegiam as viaturas motorizadas. Entendam um pouco mais
esse potencial:
Capacidade de permanência e agilidade moderada
O policiamento ciclístico é ideal para o patrulhamento de áreas de
média extensão (raio de 2 a até 5 quilômetros). Para atender um chamado a
dois quilômetros de distância, policiais em bicicletas chegam em menos
de 10 minutos, um tempo razoavelmente adequado se considerarmos a
realidade do trânsito em grandes cidades. Mas independentemente do
tempo-resposta, as bicicletas possuem como grande vantagem seu potencial
de permanência intensa em áreas específicas: um policial não poderá ir
muito longe pedalando, e, por isso, a tendência é que lhe sejam
designadas áreas com extensão reduzida. Até mesmo a fiscalização e
supervisão do policiamento fica facilitada, nesse caso.
Proximidade com a população
Por essa capacidade de permanência, a tendência é que policiais em
bicicletas interajam mais com a população, que terá mais facilidade de
reconhecer o policial que faz policiamento naquela região, bem como
poderá solicitá-lo com muito mais facilidade do que em uma viatura
motorizada. Em unidades policiais que se interessem por aproximação e
relacionamento profícuo entre a comunidade e o policial, bicicletas são
muito vantajosas.
Privilégio à saúde do policial
Policiais que trabalham com policiamento ciclístico têm a
oportunidade de realizar uma atividade saudável durante o serviço, já
que a prática ciclística pode queimar mais calorias até mesmo do que a
corrida e a natação. Uma boa oportunidade para o policial com sobrepeso.
Veículo “limpo”
Atualmente existe toda uma militância em torno do ciclismo, por se
tratar de um meio de transporte relativamente ágil e não agressor do
meio ambiente. Diferentemente dos veículos motorizados, a bicicleta não
emite gases prejudiciais à atmosfera. Uma grande oportunidade para que
as polícias assumam seus compromissos com meios de transporte
sustentáveis.
Ostensivamente significativo
O policiamento a pé tem sua capacidade ostensiva bastante restrita no
período noturno, além de sua limitação de mobilidade. Ambas restrições
são superadas pelo policiamento ciclístico, que utiliza-se de luzes de
alerta e é capaz de se movimentar com relativa flexibilidade. O
policiamento ciclístico dificilmente não é percebido quando está sendo
executado.
***
Essas são algumas das grandes vantagens desse vetor de policiamento,
hoje presente em algumas polícias e guardas municipais brasileiras,
embora geralmente não “institucionalizadas”, como dissemos, na forma de
uma unidade especializada na modalidade. Com a presença de toda essa
militância em favor de meios de transporte alternativos, tornar a
bicicleta um dos veículos-padrão das polícias ostensivas brasileiras
será uma grande oportunidade de ganhar eficiência, contribuir com a
preservação do meio ambiente, com a melhoria da saúde dos policiais e se
comunicar com a sociedade. Nada que já não seja feito em outros países –
com muito sucesso.
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