segunda-feira, 19 de novembro de 2012




Reprodução/Ir e Vir de Bike
Reprodução/Ir e Vir de Bike / Viaturas da ciclopatrulha da Setran estão jogadas em um depósito ao lado de placas, cavaletes e cones inutilizadosViaturas da ciclopatrulha da Setran estão jogadas em um depósito ao lado de placas, cavaletes e cones inutilizados
Durou menos de um ano uma das iniciativas mais positivas de inserção da bicicleta no contexto do trânsito de Curitiba. A ciclopatrulha da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), está sendo desativada, como revela matéria do repórter Diego Antonelli, da Gazeta do Povo, publicada neste domingo (18).
O blog Ir e Vir de Bike obteve, com exclusividade, fotos das cinco bicicletas da ciclopatrulha jogadas em um depósito a céu aberto, ao lado do prédio da secretaria, na parte de trás da Rodoferroviária de Curitiba.
Sem uso, as cinco viaturas – cujo valor somado atinge R$ 5 mil – estão expostas às intempéries ao lado de placas, cones e cavaletes inutilizados, presas apenas por uma corrente e um cadeado.
Oficialmente, a culpa é da chuva. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, os agentes não foram às ruas, de bicicleta, nos últimos dias por conta do clima pouco favorável. Mas a versão é desmentida por fontes de dentro da Setran e os próprios agentes da ciclopatrulha, que garantem: a ciclopatrulha foi, sim, desativada.
Nos tempos áureos, garante um dos agentes, que pediu para não ter o nome revelado, as bicicletas passavam o dia circulando pelas ruas para fiscalizar o trânsito da cidade e pernoitavam na parte interna do prédio dos agentes da secretaria. Além disso, recebiam revisões periódicas a cada 45 dias para garantir condições adequadas de trabalho aos agentes.
A ciclopatrulha foi a “cereja do bolo” na cerimônia de apresentação da Setran, quando o órgão assumiu o papel da Diretran no trabalho de fiscalização, orientação, educação e engenharia de trânsito de Curitiba.

Reprodução/Ir e Vir de Bike
Reprodução/Ir e Vir de Bike / Expostos às intempéries, equipamentos são protegidos apenas por uma corrente e cadeado. Expostos às intempéries, equipamentos são protegidos apenas por uma corrente e cadeado.
A ciclopatrulha começou a operar em janeiro com apenas 4 bicicletas. Na ocasião, a Prefeitura manifestou o compromisso de integrar outras 16 bicicletas à frota, totalizando 20 cicloviaturas até o fim de 2012.
"É modesto, mas é um primeiro passo que se ninguém der, ou não será dado, ou vai demorar para acontecer", disse, à época, o então secretário de Trânsito, Marcelo Araujo.

anunciou a intenção Quando anunciou a intenção de criar a ciclopatrulha, o secretário afirmou que a vantagem do modelo é que ele proporciona aos agentes de trânsito a possibilidade de conhecer de perto as dificuldades e desafios enfrentados por quem faz da bicicleta o seu meio de transporte.
"A bicicleta humaniza o trânsito. Sem contar que, do ponto de vista prático, ela aumenta a mobilidade dos agentes, garantindo melhora na eficiência da fiscalização", avaliou Araujo.
No mês de setembro, após a troca de comando da secretaria, a ciclopatrulha, que era um programa prioritário, perdeu a atenção dos novos gestores da Setran.
Em setembro, a prefeitura foi questionada pelo Ir e Vir de Bike se estava mantido o plano de ampliar a frota para 20 bicicletas até o fim do ano. A resposta foi de que a ciclopatrulha continuaria a operar como projeto piloto. "O aumento do número de bicicletas para o trabalho da ciclopatrulha dependerá de avaliação pela Setran", disse a Prefeitura, na ocasião.
Pouco tempo depois, a ciclopatrulha foi desativada, sem a apresentação de qualquer relatório. Vale lembrar que criar e abandonar um programa de ciclopatrulha não é novidade para a atual gestão.
A prefeitura de Curitiba comprou 80 bicicletas para a criação da ciclopatrulha da Guarda Municipal (GM). Mas de acordo com informações oficiais da própria corporação, 6 em cada 10 bicicletas da frota simplesmente não circulam – o que significa que um investimento de R$ 65,5 mil está depreciando em depósitos municipais.
Fica a torcida para que, no futuro, os dois programas sejam retomados por gente competente, capaz de entender que a bicicleta é também uma ferramenta importante de humanização no trânsito e para melhoria da segurança pública.

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